Apenas quatro palavras

by - 12:33


Sobre a minha vida...
Eu tenho 19 anos, pouco para quem ver, e uma eternidade para quem vive.
Tive uma infância feliz, não lembro muito dela, mas pelo menos o que eu lembro são momentos de brincadeiras e vários sorrisos.
Talvez o problema da minha vida tenha começado na adolescência, não que eu tenha sido uma jovem rebelde (o que eu não fui), mas por conta da minha fase depressiva.
Eu só não aparentava. 
Quando estava no meio das pessoas eu sempre era aquela que fazia todos sorrirem, a menina das piadas bestas e sorriso bobo, mas ninguém sabia que quando eu chegava em casa o travesseiro me aguardava para amparar minhas lagrimas.
Eu escrevia textos sobre suicídio, lia livros sobre pessoas depressivas, ouvia músicas que me deixavam mal, e pensava qual seria a forma mais eficaz de morrer.
Passei muito tempo assim, sempre guardando os meus problemas e dos outros também, era como se eu fosse um depósito de problemas, não sei, mas todo mundo gostava de me contar sobre as suas perturbações, e então, eu tinha que lidar com meus transtornos e com os dos outros também.
Chegavam tempos que eu não conseguia suportar, e tinha a necessidade de pôr tudo para fora, e quando eu sabia que estava preste a explodir eu me trancava em uma bolha, pois sabia que ninguém poderia me ajudar, ou não estariam dispostos a isso.
Era só eu.
Só eu e um quarto escuro.
Eu, um quarto escuro e um travesseiro já encharcado com as minha lagrimas.
Tenho ciência do quanto eu era/sou dramática, mas eu definitivamente só precisava de alguém para me entender, para me dizer que é normal não sentir bem o tempo todo, alguém para me abraçar, só me abraçar.
Mas essa pessoa nunca apareceu, e eu fiquei esperando, mas ela não veio, e mesmo assim eu aguardei a sua chegada, porém, ela não se manifestou.
Só que essa pessoa estava esperando eu ir até ela.
Eu passei minha vida toda ouvindo falar sobre ela, e achando que já a conhecia, na verdade eu havia me acostumado em apenas saber que ela existia.
E esperei.
Até que um dia eu não aguentei mais.
Tudo ao meu redor parecia que ia explodir, e pior, tudo dentro de mim queria sair, eu sentia que tudo e todos estavam mudando, mas eu não estava conseguindo acompanhar, não estava dando conta, eu precisava de ajuda, eu queria ajuda, eu estava em silêncio gritando “ME AJUDEM”.
Ninguém escutou, ninguém percebeu.
E eu chorei, pus para fora tudo, tudinho, mas tudo continuava do mesmo jeito, as minha lagrimas não estavam fazendo efeito.
E foi aí.
Bem aí.
Nesse exato momento que me lembrei daquela pessoa.
Ela não tinha vindo até a mim, então decidi, como a última tentativa ir até ela, e para minha surpresa ela estava me esperando.
Não me questionou, não me julgou, apenas me abraçou, deixou-me chorar em seu colo e sarou minha ferida mais profunda, bem aquela que eu não deixava ninguém ver, a que estava em minha alma.
Hoje eu me pergunto por que eu demorei tanto para correr para ela, por que eu me contentei em apenas ouvir falar sobre ela? Se ela estava a quatro palavras de distância, apenas quatro.

Eu te aceito, Jesus.

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4 comentários

  1. Que lindo! Amei muito o texto <3 Não lembramos, mas Deus sempre está conosco pronto para nos ajudar quando precisamos, pronto para nos confortar em momentos de tristeza e dor. Ele é o melhor remédio, ele é a solução!
    Deus te abençoe!

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  2. Enquanto estava lendo o texto, me fez lembrar da minha relação com min ha mãe, era exatamente assim, ela estava o tempo todo lá, mas eu nunca a deixava agir em relação a mim.
    bem tocante

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  3. Eu também por essa fase depressiva na adolescência, viu? Me vi em cada situação, de chorar no travesseiro à ouvir problemas de todo mundo. Enquanto a alma estava quebrada, um sorriso no rosto no dia seguinte tentava disfarçar e dizer ao mundo o quanto a menina simpática aqui era feliz. Máscaras. Por muito tempo eu vivi coberta com elas. Mas quando eu fui aceitando os planos de Deus e vendo que cada pequena razão tem um motivo maior pra que elas aconteçam, eu passei a agradecer cada momento que passei. Deus escreve certo por linhas tortas, não é o que dizem? E eles não podiam estar mais certos ♥

    Com carinho,
    Conto Paulistano.

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  4. Amanda, a vida dá-nos tantasvoltas, sopra-nos de tantos lados diferentes que vai sempre chegar o dia em que podemos agradecer a nossa existencia. Estarei à distancia de um clic se precisares conversar (escrever). beijinho no teu <3

    www.oteumomentodiamante.blogspot.pt

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